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Plano de Ação para programação das manifestações populares no Aterro do Flamengo

Exmo. Senhor Marcelo Alves
M.D. Presidente da RIOTUR – empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro.

Vimos a Vossa Excelência, em nome da Associação dos Condomínios do Morro da Viúva – AMOV, requerer nos termos do Decreto Nº 42735 DE 1º de Janeiro de 2017, que estabelece prazo para apresentação de Plano de Ação para programação do Carnaval referente aos blocos e outras manifestações populares similares, a revogação da autorização do uso do Aterro do Flamengo para tal prática carnavalesca.

Aterro do Flamengo um patrimônio Carioca

Inaugurado em 1965, o Aterro do Flamengo é um complexo de lazer da cidade do Rio de Janeiro com 1,2 milhão m², construído sobre aterros sucessivos na baía de Guanabara. O parque estende-se do Aeroporto Santos-Dumont, no bairro do Centro, ao início da Praia de Botafogo, na zona sul. Sua criação tece como premissa melhorar as condições de habitabilidade da Cidade, se propondo ser um organismos vivo feito para o homem e na medida dele. Uma área cuja proposta é educar divertindo e divertir educando.

Maria Carlota Costallat de Macedo Soares, ou simplesmente Lota, foi responsável por evitar a construção de quatro avenidas com prédios à beira-mar, em prol da realização do atual Parque do Flamengo, com sua vista e áreas de lazer abertas gratuitamente à população. O governador Carlos Lacerda demitiu o diretor de Urbanização, José de Oliveira Reis, que não abria mão do projeto original. Lota, amiga e vizinha de Carlos Lacerda em Petrópolis, foi convidada por ele, quando assumiu o comando do estado da Guanabara, em 1960, a colaborar com o governo. Ela propôs criar o Parque do Flamengo, a partir de um projeto feito em conjunto com Affonso Reidy, arquiteto modernista.

Lacerda formou um grupo de trabalho sob o comando de Lota para que o aterrado Glória-Flamengo fosse urbanizado (terras do desmonte do Morro de Santo Antônio tinham sido lançadas na Baía de Guanabara). Para fazer parte da equipe, ela convidou, além de Reidy, Jorge Machado Moreira (projeto arquitetônico), Berta Leitchic (engenharia), Ethel Bauzer Medeiros (recreação), Carlos Werneck de Carvalho, Sergio Bernardes e Hélio Mamede (desenvolvimento de projetos). O Grupo de Trabalho trabalhava em um barracão improvisado em pleno aterrado e contratou também os serviços do escritório de Roberto Burle Marx e Arquitetos Associados.

No projeto de urbanização, ampliou-se o aterramento e compuseram o paisagismo do local com mudas de plantas trazidas de Cuba e também do interior do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Portanto, sem mais delongas, há notório valor histórico e cultural desse espaço que é um patrimônio da Cidade do Rio e dos cariocas, abrigando em sua extensão monumentos e estabelecimentos, tais como:

  • Museu de Arte Moderna (MAM);
  • Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial;
  • Marina da Glória;
  • Memorial Getúlio Vargas;
  • Cine Glória;
  • Monumento a Estácio de Sá;
  • Casa de shows Vivo Rio;
  • Praias do Flamengo e Botafogo;
  • Museu Carmem Miranda;
  • Quadras destinadas à prática de esportes.

Assim, é de suma importância que as autoridades municipais incluam, em seus planos de ações uma prioritária e imprescindível determinação de veto quanto à utilização desse espaço para mega eventos de cunho popular, cuja consequência é a deterioração do espaço, do paisagismo e da natureza local, como aconteceu no último carnaval, especialmente, no domingo posterior à festa pagã, quando um bloco reuniu uma multidão de mais de 500 mil pessoas, resultando em:

  • Danificação de vários pontos do jardim, que não tiveram nenhuma proteção prévia;
  • Foliões urinando discriminadamente em toda a plantação;
  • Furtos de moradores;
  • Depredações do mobiliário público (bancos, balanços, grades das quadras etc.);
  • Confusões de toda ordem, como brigas, correrias, entre outros transtornos para estabelecimentos comerciais e residenciais da região.
Foto: Midia NINJA – Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação –   http://www.emdialogo.uff.br/content/outros-carnavais-vitoria-historica-dos-garis-cariocas

A Associação dos Condomínios do Morro da Viúva – AMOV entende que é preciso proibir, veementemente a realização de blocos carnavalescos no próximo ano sob pena de exterminarmos com um dos cartões postais de uma Cidade que já vem sofrendo com o descaso e a crise econômica e política dos últimos tempos.

Sem mais para o momento, agradecemos antecipadamente a receptividade e aguardamos a devida análise e aprovação do referido requerimento.

Maria Thereza Sombra de Albuquerque
Presidente da Associação dos Condomínios do Morro da Viúva – AMOV e Diretoria